A maioria das fisgadas que abalam a sua coluna (e o seu humor) tem cura. Mas, para que o tratamento seja um sucesso, é preciso descobrir a razão por trás do martírio
POR CONSTANÇA TATSCH
FOTOS FERNANDO GARDINALI ILUSTRAÇÃO MG STUDIO
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ESTIMA-SE QUE 80% DA POPULAÇÃO MUNDIAL AINDA TERÁ DOR NAS COSTAS EM ALGUM MOMENTO DA VIDA |
A maioria das pessoas só percebe que precisa proteger mais sua coluna (ou que ela existe) quando as dores começam a incomodar e a limitar a realização de tarefas... E é justamente esse descaso com a região que sustenta o nosso corpo que prejudica o tratamento e o alívio desse incômodo. Felizmente, na maior parte dos casos (80% deles), a dor nas costas não dura mais do que três meses e desaparece, com ou sem medicação, segundo o médico Jamil Natour, professor de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Neste caso, “o paciente obrigatoriamente tem que mudar o estilo de vida. Parar de fumar, emagrecer, alongar, cuidar da postura e ficar calmo”, receita José Goldenberg, reumatologista do Hospital Albert Einstein e autor do livro “Coluna, Ponto e Vírgula”. Mesmo assim, não devemos subestimar o problema, porque as causas da dor são múltiplas e vão desde simples vícios de postura até a presença de doenças graves.
Cabe ao médico avaliar os sinais de alerta. Se existirem, é necessária uma maior investigação da causa e do melhor tipo de intervenção.” Os sinais de perigo são febre, perda de peso, histórico de trauma, quando a dor piora com repouso e quando o primeiro episódio ocorre em crianças ou após os 60 anos. Conheça a seguir os oito vilões que mais abalam a sua estrutura:
1- TABAGISMO, sempre ele
Pouco se fala a respeito, mas o cigarro, além de todos os prejuízos já conhecidos à saúde, também pode afetar o bom funcionamento da coluna vertebral. Segundo os médicos, a dor nas costas costuma tornar-se crônica mais freqüentemente entre os fumantes. A teoria é a de que os discos situados entre as vértebras e que funcionam como amortecedores para os impactos são irrigados por vasos capilares, que, por sua vez, são afetados pelo tabaco. Ou seja, o fumo atrapalha a circulação do sangue nessa região.
2- DEFORMIDADES na coluna
Escoliose, hiperlordose e hipercifose podem ser um fator de risco ou a origem da dor, mas só se tornam causa do problema quando associadas a outros aspectos. Um exemplo é quando a musculatura flácida deixa de oferecer sustentação para a coluna. A gravidade varia conforme o ângulo de curvatura.
A escoliose é caracterizada como um desvio lateral da coluna. Pode ocorrer já na infância, com maior freqüência em meninas e, nesse caso, exige tratamento rápido para evitar deformidade óssea e artrose no futuro. Escolioses de até 10 graus de angulação ocorrem em até 3% da população. O Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into), órgão ligado ao Ministério da Saúde, alerta: crianças que carregam mochilas muito pesadas correm o risco de desenvolver postura incorreta e apresentar desvios na coluna vertebral. O peso das mochilas não deve ultrapassar o limite de 10% do peso da criança.
Já a hiperlordose é a lordose (curvatura normal da coluna) exagerada. É caracterizada pelo bumbum arrebitado e mais comum em mulheres, tanto que o salto alto é um agravante.
O problema, geralmente, é bem tolerado, mas, às vezes, pode causar dor. Neste caso, é preferível circular com os glúteos em posição normal, sem forçar a saliência, para o bem da coluna. Já a hipercifose é aquela corcundinha que aparece com freqüência ainda na adolescência, quando os jovens tentam disfarçar a altura ou, no caso das meninas, os seios fartos.
O INCÔMODO NA INFÂNCIA É INCOMUM. PODE SIGNIFICAR PROBLEMAS SÉRIOS, COMO TUMOR OU MALFORMAÇÃO CONGÊNITA
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ALONGAR-SE TRÊS VEZES POR SEMANA DIMINUI EM 15% AS CHANCES DE LOMBALGIA |
3- o peso da GRAVIDEZ
Até cerca de 50% das mulheres grávidas sofrem de dores na coluna. Porém, os médicos perceberam que a dor é pior no primeiro trimestre. Atualmente, muitos especialistas acreditam que a causadora da dor é a mudança hormonal. Um hormônio relaxaria e diminuiria o tônus da musculatura, especialmente da pélvis. “Esse problema é muito comum. Acontece muito. Mas não é normal. Sentir dor não é normal”, diz Arnaldo Libman, autor do livro “Cure sua Coluna”.
Engordar demais força as estruturas osteoarticulares e também responde por dor. Neste caso, a postura também tem sua cota de participação, especialmente com o hábito da grávida de jogar a barriga para a frente e o quadril para trás. Libman recomenda à futura mamãe procurar um médico, especialmente porque o tratamento de grávidas é mais complexo, uma vez que elas devem evitar medicamentos fortes. Para resolver o problema, exercícios adequados, hidroterapia e até uma cinta de sustentação podem ser indicadas.
4- OBESIDADE
Para afetar a coluna, não é necessário entrar na categoria de obeso. Cada 10 quilos a mais do que o recomendado aumenta em 20% o risco de dor nas costas.
Ou seja, a cada 2,5 quilos somados, cresce em 5% a chance da pessoa vir a sofrer de dor nas costas.
5- SEDENTARISMO, fuja dele
O sedentarismo também tem sua parcela de responsabilidade. O exercício físico alonga e fortalece os músculos, lubrifica as articulações e nutre os discos. Por outro lado, é preciso certa cautela. Alguns exercícios podem aumentar as dores ou piorar o estado de quem já sofre com o problema. Portanto, é necessário escolher a atividade adequada e começar devagar. Boas opções são caminhadas, natação, bicicleta (atenção à postura!), alongamentos e fortalecimento da musculatura. Os abdominais, além de deixar a barriga tanquinho, ajudam a coluna.
A idade também pesa sobre a coluna. Aos 20 anos, uma pessoa tem os discos compostos por 70% de água. Com o passar do tempo, além de sofrerem desgaste, perdem água.
6-Colchões inadequados ,macios demais ou excessivamente duros (madeira com espuma )comprometem a coluna sériamente pois não dão o estiramento adequado ;com conforto.
